Terapia Narrativa
Indicada para:
Esta abordagem é utilizada no âmbito da Terapia Familiar , que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança no funcionamento da família, e que é desenvolvida em sessões conjuntas com vários elementos da família. É também utilizada no âmbito da Terapia Individual, que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança individual. Pode ainda ser utilizada no âmbito do Trabalho Comunitário.

Origens:
As Terapias Narrativas distinguem-se das outras abordagens terapêuticas na forma como olham para o discurso das pessoas (as suas narrativas). Enquanto as outras abordagens veem o discurso das pessoas como meio para chegar aos fenómenos psicológicos relevantes (ou seja, olham através da narrativa), as terapias narrativas veem esse discurso como sendo o próprio fenómeno psicológico relevante (ou seja, olham para a narrativa) Desenvolveu-se após a década de 70, a partir dos trabalhos de M. White, na Austrália, e de D. Epston, da Nova Zelândia.
Conceitos:
O conceito Narrativa refere-se aqui às histórias que utilizamos para descrever a nossa realidade. Estas histórias (estruturas narrativas) têm personagens (quem), uma intriga (o quê) e uma encenação (onde e quando), que são regulados pela moral da história (o tema), sendo que esta moral impede que a história tenha uma interpretação diferente. Por exemplo, «O nosso pai recorreu ao amigo (quem) para o ajudar a resolver aquele problema (o quê) na empresa, durante o ano passado (onde e quando), e o amigo enganou-o. Isto prova que não se pode confiar em ninguém fora da família (o tema). As nossas histórias determinam a nossa consciência de nós próprios e dos outros, a forma como definimos prioridades e como escolhemos ou renunciamos a deveres e a direitos. Quanto maior o número e a densidade das nossas histórias, maior é a nossa capacidade de adaptação aos vários contextos das nossas vidas.

As Terapias Narrativas distinguem:
Narrativa Dominante>: É a narrativa que suporta o problema. A narrativa é restrita a um único tema, e independentemente das mudanças da situação de vida da pessoa/família, as narrativas produzidas são sempre variações desse tema. Isto consolida o problema e inviabiliza percursos alternativos. Por exemplo, na depressão, a narrativa é restrita ao tema da tristeza; na ansiedade, a narrativa é restrita ao tema do “estar em perigo”; numa família a narrativa é restrita a um determinado aspeto do funcionamento da família, etc.
Narrativa Alternativa>: Utiliza elementos provenientes de uma ou mais das narrativas que a pessoa / família trazia consigo, mas inclui também novas experiências, novos temas, novas interações. Retira dominância à história que contém o problema, que pode ser redefinido como suscetível de receber soluções, como um não-problema ou até como um benefício escondido. Em qualquer um dos exemplos, a intervenção passaria por um alargamento do leque de temas disponível.

Técnicas:
A intervenção explora a forma como são organizadas e contadas as narrativas dominantes da pessoa/família, e produz uma transformação na natureza dessas histórias e/ou na forma de as contar, alterando a sua força na manutenção do problema. Algumas técnicas são:
Externalização>: Procura situar o problema não na pessoa/família mas como algo separado e que exerce uma influência sobre a pessoa/família. A pessoa/ família não é o problema, é alguém que mantém uma relação com o problema. «Que influência tem este problema sobre si? Em casa, na escola / trabalho, nas suas relações com os outros? Na sua perceção de si mesmo? Como vê esta influência? É algo positivo ou negativo?»
Questões sobre Resultados Únicos>: Os resultados únicos são os acontecimentos que contradizem a narrativa dominante. As questões sobre resultados únicos procuram conhecer as situações em que foi possível vencer o problema, ou em que ele não dominou completamente a vida da pessoa/família. «Quais foram as exceções? Estas exceções têm significado para si? Este significado é positivo ou negativo?», Se positivo «Porque o vê assim?»
Amplificação da Narrativa Alternativa>: Parte dos resultados únicos e procura valorizar a sua importância na construção da narrativa alternativa, proporcionando à pessoa/família uma experiência diferente de si próprio/a. «Qual é a história destas exceções? O que sugerem acerca de si/da família? O que indicam potencialmente acerva das suas/vossas capacidades? O que sugerem potencialmente acerca do vosso futuro?»

Texto elaborado por Ana Catarina Dias - Psicoterapeuta



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